A ordem foi dada em um
bairro da periferia...
Na periferia de uma
cidade...
Não apenas de uma
cidade, mas da maior metrópole do país...
São Paulo
A ordem foi dada e era a seguinte:
22:00 H...
Às 22:00 horas todos
deveriam estar em casa sob pena de morte...
Estavam condenados à prisão, uma prisão domiciliar...
Que crimes haviam
cometido??
Nenhum...
Quer dizer, se viver
for crime, esse era o seu crime...
Viver...
Eles viviam.
Viviam mas não mais podiam, sobreviviam... Sobreviviam a cada dia, a mais um dia, de dia...
De dia podiam sair, mas
as 22:00H quem não voltasse para a sua residência, para o seu
carcere privado, seria punido, seria
morto...
Quem estava de fora não
via ou não queria ver...
Ver porque?
Cada um com os seus
problemas, não é mesmo?
Como um vírus, a ordem
foi impregnada em cada canto de cada periferia nos quatros cantos da
cidade...
O vírus periférico da
pena de morte, logo se instalou pela burguesia, pela alto sociedade...
Era geral, em São
Paulo todos se recolhiam...
Todos se recolhem...
Hoje??
Hoje...
Hoje??
Hoje...
São Paulo??
Nome da cidade??
São Paulo, São Pedro,
“São” Jesus, olhe por nós...
Olhe pelas famílias das vítimas, olhe pela próxima vítima...
Olhe pelas famílias das vítimas, olhe pela próxima vítima...
A próxima vítima...
É, "A próxima vítima",
seria um nome ideal para essa cidade...
Você...
Seu filho...
Sua mãe...
Seu amigo...
Quem?
Quem será a próxima
vitima??
Quem?
Quem será?
Quem será?
Quem por nós olhará??
Quem??
Jesus??
Deus??
Deus, olhe por
nós...
São Pedro, São Paulo, olhem por nós...
São Pedro, São Paulo, olhem por nós...
São Paulo...
A minha cidade, minha
São Paulo que inspirou músicas, sonhos, poetas e poesias...
Minha cidade que hoje
as 22:00 se silencia...
Silencia as vozes,
os passos, os sons...
Os sons não...
Na ruas se houvem:
“Bang-Bang”
O som da punição de
quem ousou descumprir a ordem de quem deveria ser o réu...
Toque de recolher...
JONATAS SILVA MACEDO